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domingo, 25 de novembro de 2012

Desenhos infantis e Técnicas Projetivas – revelação de personalidade e emoções


“O pensamento fala por meio do desenho onde se diz mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade de saber como o sujeito ignora.” (Sara Paín)

 

As cores, as formas e até a posição do desenho podem dizer muito a respeito da criança que o concebeu. 
 
Desenhar pode ser uma atividade muito divertida, mas também uma preciosa ajuda para avaliações psicológicas infantis e terapias posteriores.
Uma folha em branco e um conjunto de lápis de cera podem fazer maravilhas quando queremos uma criança distraída, mas também encerra imensos mistérios que nos podem ajudar a descobrir se há macaquinhos escondidos naquela misteriosa cabeça.
Por norma, os pais e os professores nem sempre estão por dentro do significado dos desenhos, mas os especialistas em psicologia já estão rotinados. As diferenças começam por ser a nível de sexo. As meninas estão mais voltadas para a natureza, a serenidade, com desenhos mais contemplativos e onde a beleza assume um papel importante com itens como o Sol, nuvens e casinhas e personagens como princesas com vestidos e cabelos longos e coroas na cabeça; já os meninos apostam na ação, na força, nos tons mais escuros e agressivos. Explosões, choques de carros, personagens de joguinhos ou desenhos animados, armas e monstros são habituais em seus desenhos.
Outro diferencial importante tem a ver com a idade. Não se pode avaliar um desenho feito por uma criança de 2 anos da mesma forma que um concebido por uma de dez. A ingenuidade do primeiro tem de ser tida em conta face a uma consciência ponderada do segundo. Ainda assim, os psicólogos vão mais longe nesta matéria e defendem a importância de não avaliar o desenho isoladamente: o contexto, a sua personalidade, o seu desenvolvimento cognitivo e ainda o seu historial de desenhos são critérios a ter em conta.
No campo da psicopedagogia é muito comum o trabalho com Técnicas Projetivas que, segundo Jorge Visca, têm como objetivo investigar os vínculos que o sujeito pode estabelecer em três grandes domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo, pelos quais é possível reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem o vínculo de aprendizagem.  As Técnicas Projetivas são propostas de desenhos nos quais cada vínculo a ser analisado é sugerido através de um tema específico. Por exemplo, no vínculo escolar as propostas sugeridas para o desenho são: “Par Educativo” (no qual a criança irá desenha uma situação onde ocorra aprendizado: alguém ensinando e o outro aprendendo), “Eu com meus companheiros” e “A planta da sala de aula”. Os temas que abordam o vínculo familiar são: “A planta da minha casa”, Os quatro momentos do dia” e “Família Educativa”. O vínculo consigo mesmo é avaliado através das seguintes: “O dia do meu aniversário”, “Minhas férias”, “Fazendo o que mais gosta” e “Desenho em episódios”. Para a análise de cada um desses vínculos e temas há critérios de avaliação que devem ser observados atentamente pelo terapeuta e a observação desses critérios devem somar-se aos critérios gerais do diagnóstico. A interpretação de cada técnica projetiva deve ser realizada em função do sujeito em particular e não é necessário aplicar todas as propostas da Técnica Projetiva, o adequado é utilizar somente aquelas que se considerem necessárias em função do que se observou no sujeito.
Vários aspectos devem ser criteriosamente avaliados na análise das Técnicas Projetivas como o tamanho do desenho e das personagens que aparecem nele; se o sujeito que desenha está presente na cena ou não; quem aparece no desenho; o distanciamento das personagens; o uso da borracha durante o desenho (se nunca usa ou usa exageradamente); a transcrição de detalhes nas personagens (como os pés, as mãos, olhos, orelhas, boca); se o desenho está condizente ao que lhe é pedido; se há recusa de desenhar ou escrever; se há recusa de falar sobre o desenho.
Enfim, o que se pode avaliar por meio do desenho ou do relato, de acordo com Sara Paín, é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. Também permitirá avaliar a deteriorização que se produz no próprio pensamento.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A bailarina, de Cecília Meireles

Novembro é o mês de Cecília Meireles.


Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu na Tijuca, Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles e Matilde Benevides Meireles. Foi filha órfã criada por sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Aos nove anos, ela começou a escrever poesia. Frequentou a Escola Normal no Rio de Janeiro. Aos dezoito anos de idade, Cecília Meireles publicou seu primeiro livro de poesias, Espectros. No ano de 1922 casou com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas. Seu marido, que sofria de depressão aguda, suicidou-se em 1935. Voltou a se casar, no ano de 1940, quando se uniu ao professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, falecido em 1972. A partir da década de 30, lecionou Literatura Brasileira em várias universidades. Teve ainda importante atuação como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada, tendo fundado, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Brasil. Morreu em 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.
Um pouco da poesia de Cecília Meireles

A bailarina


Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.


Obras
Estas são algumas das obras publicadas por Cecília Meireles:
  • Espectros, 1919
  • Criança, meu amor, 1923
  • Nunca mais, 1923
  • Poema dos Poemas, 1923
  • Baladas para El-Rei, 1925
  • Saudação à menina de Portugal, 1930
  • Batuque, samba e Macumba, 1933
  • O Espírito Vitorioso, 1935
  • A Festa das Letras, 1937
  • Viagem, 1939
  • Vaga Música, 1942
  • Poetas Novos de Portugal, 1944
  • Mar Absoluto, 1945
  • Rute e Alberto, 1945
  • Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1948
  • Retrato Natural, 1949
  • Problemas de Literatura Infantil, 1950
  • Amor em Leonoreta, 1952
  • Doze Noturnos de Holanda e o Aeronauta, 1952
  • Romanceiro da Inconfidência, 1953
  • Poemas Escritos na Índia, 1953
  • Batuque, 1953
  • Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955
  • Pistoia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955
  • Panorama Folclórico de Açores, 1955
  • Canções, 1956
  • Giroflê, Giroflá, 1956
  • Romance de Santa Cecília, 1957
  • A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
  • A Rosa, 1957
  • Obra Poética,1958
  • Metal Rosicler, 1960
  • Poemas de Israel, 1963
  • Antologia Poética, 1963
  • Solombra, 1963
  • Ou isto ou Aquilo, 1964
  • Escolha o Seu Sonho, 1964
  • Crônica Trovada da Cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro, 1965
  • O Menino Atrasado, 1966
  • Poésie (versão francesa), 1967
  • Antologia Poética, 1968
  • Poemas Italianos, 1968
  • Poesias (Ou isto ou aquilo& inéditos), 1969
  • Flor de Poemas, 1972
  • Poesias Completas, 1973
  • Elegias, 1974
  • Flores e Canções, 1979
  • Poesia Completa, 1994
  • Obra em Prosa – 6 Volumes – Rio de Janeiro, 1998
  • Canção da Tarde no Campo, 2001
  • Poesia Completa, edição do centenário, 2001, 2 vols. (Org.: Antonio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira)
  • Crônicas de educação, 2001, 5 vols. (Org.: Leodegário A. de Azevedo Filho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira)
  • Episódio Humano, 2007
  • Uma obra bastante particular e pouco conhecida de Cecília Meireles é o infanto-juvenil Olhinhos de Gato. Baseado na vida de Cecília, conta sua infância depois que perdeu sua mãe Matilde Benevides Meireles e como foi criada por sua avó D. Jacinta Garcia Benevides (Boquinha de Doce, no livro)

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