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domingo, 2 de novembro de 2008

Produção de textos à luz de projetos educacionais


Desde a antiguidade, a escrita tem seu papel fundamental na história humana. Dos hieróglifos aos documentos. Nosso próprio país, na época do "descobrimento", ganha reconhecimento através de uma carta, escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, cujas palavras ali transcritas deram forma e características à nossa terra e ao povo nativo. Pensando nesse episódio, é possível imaginar que talvez seja essa a grande magia do fenômeno da escrita: dar vida e forma às coisas reais ou imaginárias; criar o que não existe e recriar através de palavras algo já existente.

Hoje, a escrita representa um fator de grande importância na sociedade por seu caráter múltiplo cultural e a escola, inserida em mundo globalizado em meio a tantas mudanças e a velocidade das informações, adquire, mais do que nunca, o desafio de formar cidadãos aptos para diversas competências, entre elas a leitura crítica, a desenvoltura oral e a habilidade escrita. Porém, muitas vezes, torna-se difícil trabalhar essas competências de forma efetiva, principalmente no campo da escrita, da produção de textos.

Com a grande influência da internet, e outros recursos de informação, o interesse dos alunos pelo ato de escrever textos manuscritos vem diminuindo. O fato é que o cristal líquido veio revolucionar o ato de escrever. Praticamente não se escrevem mais cartas, é mais "fácil" mandar um e-mail. Claro que, nós professores, temos que acompanhar a evolução dos gêneros textuais e incluir em nossas aulas de Português o estudo, a confecção dos gêneros digitais que vão surgindo, mas não podemos nos esquecer de que o estímulo para a produção de textos não depende só dos livros didáticos, que não raras vezes apresentam propostas pouco interessantes ou desfocadas da realidade do educando. Portanto, como tornar atrativas as produções textuais na escola? Que tipo de atividade seria interessante desenvolver em sala de aula para contemplar as produções escritas? E como envolver o aprendiz como parcela ativa nesse processo de produção?

Para atender a essas perguntas, visando a atuação do professor em sala de aula, é preciso, em primeiro lugar, pensar em um planejamento no qual seja definido o desenvolvimento de alguma competência que se perceba ser necessária trabalhar. É importante, então, perceber o papel dos projetos educacionais como subsídio para esse processo.

Dentro da filosofia da gestão do trabalho com projetos educacionais, tema do livro produzido pelo colégio Abgar Renault, encontram-se algumas possibilidades de se trabalhar produção de textos na escola através do desenvolvimento de projetos interdisciplinares. As atividades que foram desenvolvidas e relatadas sustentam a perspectiva de uma atuação mais dinâmica das produções textuais. Esse dinamismo deve ser considerado a partir da proposta da produção até a forma de circulação do texto – e é o que irá gerar o interesse e o envolvimento do jovem produtor de texto no processo. Criar estratégias de produções atrativas ao educando é uma das ênfases desse tipo de projeto.

Com a gestão do trabalho com projetos educacionais é possível ampliar nossa visão sobre o trabalho com projetos e perceber através dos resultados das vivências nele relatado o grande valor do aprendizado que se é construído. Um dos aspectos mais positivos desse livro é a reflexão que ele nos leva de que é preciso inovar na educação, é preciso ultrapassar a fronteira do desconhecido e estreitar a relação com o que é conhecido, com o que está à nossa volta. Dessa forma, trazemos para dentro da escola não só a vivência dos nossos alunos fora dela como também os fatos importantes atuais que envolvem o sistema sócio-cultural como um todo.

Janaína Lima - Artigo publicado no jornal Hoje em Dia, em 02/11/2008 (pág. 5)
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